Sempre existe a pergunta de quanto tempo um quadro psiquiátrico deve ser tratado durante a primeira consulta ou após o diagnóstico, esta pergunta, também, motivo comum de procura de uma segunda opinião, especialmente quando o planejamento de tratamento é longo ou sem planos de ser interrompido. Isto é comum em vários tratamentos de doenças crônicas, mas é especialmente comum na psiquiatria onde a ausência de exames clínicos deixam nossa interpretação dos sintomas sujeitos a subjetividade.
Não há uma resposta única e certa para todos os quadros na psiquiatria. Alguns transtornos como o Transtorno de Adaptação ou Luto Patológico podem ser tratados apenas durante o período de mal estar, enquanto doenças como Transtorno Depressivo Maior e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade podem precisar de alguns anos de tratamento, ou seja, um período mais longo de tratamento em comparação aos transtornos anteriores. Outros quadros como as Síndromes Demenciais ou Esquizofrenia tem necessidade de tratamento constante. Para determinar o tempo esperado de tratamento, o primeiro passo é garantir que o diagnóstico está correto e a doença controlada. Também não há diferença se o tratamento é feito com psicoterapia e/ou medicamentos. O mais importante é assegurar que qualquer dos tratamentos realizados resultam em minimização ou remissão do quadro sintomático em questão.
Se sabe atualmente que boa parte dos transtornos psiquiátricos são de origem genética com fatores ambientais servindo de “gatilho” para o desencadear da doença. Não temos como modificar nosso DNA por enquanto (e mesmo que pudéssemos, ainda não é claro como estes erros de DNA levam ao aparecimento do quadro), mas é possível criar para muitos quadros uma adaptação saudável que se mantém por muito tempo. É o caso da Depressão, Transtornos de Ansiedade, Transtornos do Espectro Autista e TDAH, mas para isso é necessário um tratamento adequado, com remissão dos sintomas totais por longo período antes de cessar o tratamento.
Em doenças com necessidade de tratamento constante, como o Transtorno Bipolar, Esquizofrenia e Demências, não se tem atualmente como criar estes equilíbrios saudáveis sem manutenção constante do tratamento (medicação e atuação psicológica). Estas doenças também tem a características de serem comprovadamente neuro-degenerativas, e a ausência do tratamento pode levar a danos do funcionamento cerebral, impedindo uma recuperação total do quadro mesmo com tratamento correto.
Por estes motivos, antes de se decidir parar ou não o tratamento, é necessária uma discussão com o profissional que está em cuidado do caso, para direcionar o tratamento e seu final quando possível. Até este momento, o tratamento deve ser mantido de modo regular.